dezembro 28, 2015



Fui ver um filme sobre a velhice.
Apesar do nome ser Youth.
O filme é sobre o que fica do que se viveu quando podíamos viver tudo.
Mas o filme é também sobre o fim das coisas.
A velhice é o fim das coisas.
E ela assombra-me cedo demais quando olho para os meus avós e já não gosto de os ver.
Porque me vejo daqui a um tempo também.
Youth é um daqueles filmes que nos faz ter a sensação que por mais que se viva numa montanha russa, um dia pagamos o preço dela.
E passamos por isso sempre sozinhos.
E é tão decadente.
Como o corpo quando deixa de ser firme e já não se assemelha ao de uma estátua grega.
Ou quando saíamos de uma vida e entravamos noutra porque não tínhamos medo de nada.
A vida vale a pena se for o somatório das paixões que não quisemos deixar de viver.
E dos sonhos que não quisemos deixar de acreditar em cumprir.
A vida sabe melhor se for mais perversa.
E a que causar mais danos.
Mas tem sempre o preço de não poder ser assim eternamente.
Porque o corpo cai.
Como a força da alma.
Como a memória quando entra em blackout. Como a da minha avó.
A minha vida tem sido como esta música.
Mas e quando o corpo parar?
O que será do coração?
E terei memória para ao menos poder recordar?
Como é que eu posso dizer que não quero estar com os meus avós sem que isso os vá magoar?
E quando deixa de ser arrebatador? Continua a valer a pena?
Eu não quero que os meus avós me recordem do que seremos todos um dia...

dezembro 18, 2015


Ligo ao Afonso que hoje faz 10 anos.
É filho de uma das minhas grandes amigas.
Comento com ele que 10 anos é uma idade de viragem, de responsabilidade.
Na verdade queria dar-lhe a ideia que é quase adulto.
Mas o Afonso ainda foi mais longe:
- Pois é, eu sei. A partir de agora tenho 2 algarismos na minha idade, o que significa que nunca chegarei aos 3.
E pronto, percebi que o Afonso já não era criança.

dezembro 16, 2015



Recebi este vídeo num press release de trabalho, sobre grandes ações publicitárias.
E durante alguns minutos não consegui parar de chorar porque há coisas que nos ferem mais, outras que nos tocam mais, outras que são o espelho de qualquer coisa que pertence à nossa essência.
Este vídeo fez-me vir escrever porque ajuda a sentir menos dor.
Estou grávida.
Aconteceu há pouco mais de 3 meses e eu não estava à espera.
Tentei muitas veze ser mãe, mas sempre que o quis, quis sozinha e por isso não deu certo.
É justo.
Quis muito casar por duas vezes na minha vida.
Também quis sozinha.
E por isso não aconteceu.
É justo.
Hoje tenho a crescer dentro de mim uma menina.
Ninguém imagina o que eu queria uma menina.
A pessoa de quem estou grávida sempre quis muito tudo de mim.
Então é justo e merecido que esta menina venha aí.
Ao ver este vídeo percebi que alguém sabia explicar os meus maiores receios.
Porque eu vivi algumas destas coisas.
Muitas vezes no meu percurso de menina, fui mal tratada.
Algumas vezes no meu percurso de mulher, fui mal tratada.
Sofri na pele a condição de se ser mulher numa sociedade machista, onde a mulher é sempre a culpada por ter sofrido abusos.
Nos momentos mais violentos da minha vida ninguém me veio salvar.
Estive sozinha e tive de me defender sozinha.
Nos piores momentos da minha vida não pude pedir por socorro, vivi tudo num silêncio que achei não ter fim.
Hoje, com uma bebé a crescer dentro de mim, e depois de tudo o que vivi, morro de medo de não estar lá no dia em que alguém magoe a minha filha.
E isso vai certamente acontecer, porque nunca podemos proteger para sempre alguém.
Mas sei que serei uma mulher muito mais atenta do que a maioria, porque já vivi o que muitas felizmente não passaram.
Tenho a crescer dentro de mim uma menina.
Será eventualmente ofendida sim. E olhada como alvo de desejos errados, sim.
E será invejada e talvez a magoem.
Mas enquanto eu estiver cá, vai ser muito duro para quem se meter com ela.
E isso eu prometo-lhe.
Não deveria ter sido este o meu texto encantado a anunciar que vou ser mãe.
Mas foi o mais sentido de todos.
Estou grávida sim.
É uma menina.
É a minha.
E enquanto a vi através da última ecografia manteve sempre um braço no ar, parecia que ia para a frente da batalha.
A minha menina vai ser uma mulher. 
E vai adorar, porque é o caminho mais difícil, mas o mais triunfante.

dezembro 02, 2015



"Se não estás a falhar uma e outra vez é porque não estás a fazer nada muito inovador"

Woody Allen

dezembro 01, 2015



Os meus avós voltaram à fase em que se tornaram crianças.
Falam do mundo deles e geralmente não acompanham mais o nosso.
Comportam-se à mesa como se nunca tivessem aprendido regras de boa educação, deixaram a faca e substituíram-na pelo pão e sorvem os alimentos como se fossem todos escorregar dos talheres.
Ouvem a televisão muito alto e não se ouvem entre si.
Falam pouco porque na verdade parece que vivem cada vez mais num mundo isolado onde o convívio é com personagens de um passado remoto.
Os meus avós levam demasiado tempo para percorrer uma rua e cansam-me de tão devagar que andam.
Os meus avós foram durante anos os meus pais, ficando responsáveis por mim todos os dias.
Tomaram conta de mim enquanto aprendia a comer, o caminho da escola, a decorar as primeiras informações da História de Portugal, trataram da minha roupa e dos pães de leite torrados ao pequeno-almoço.
Mas eu não sei cuidar dos meus avós como eles cuidaram de mim porque eu estava a começar a vida e eles estão a acabar.
Pela primeira vez este ano pensei em fugir e ir passar o natal a um hotel, numa cidade distante, só para não me lembrar que este pode ser sempre o último ano que os vou ver.
Ontem, sentada com eles no sofá às 19h, já com os dois de pijama, o avô quase que adivinhou:
- Este ano vais passear se calhar?
E de repente senti-me a maior cobarde de sempre.
- Claro que não avô, vai ser tudo igual como foi sempre, é tudo lá em casa.
Ainda assim, este anúncio bateu-me fundo.

Porque eu ando a fugir dos meus avós.

novembro 25, 2015


Todos os dias a mesma rotina.
Ouço as notícias da manhã enquanto como os cereais com frutos vermelhos.
O trajeto de carro sempre igual e a rede do telefone falha sempre no mesmo ponto de passagem.
Paro sempre no mesmo sinal para atravessar a estrada e o cheiro a pão quente recorda-me sempre que o dia ainda está a arrancar.
Sou quase sempre a primeira a chegar e bebo um café de saco enquanto passo os olhos pelo jornal que distribuem gratuitamente na rua.
Há um frio silencioso na sala onde entro todas as manhãs.
Um frio que vem dentro de mim desde que saio de casa e enfrento um caminho que não foi o que planeei.
Nada do que leio ou do que vejo à minha volta me desperta gargalhadas.
Pareço adormecida, sem a garra de outros tempos para ir para a frente da multidão.
Da janela do lugar onde me sento todos os dias vejo um liceu onde brincam todos os dias dezenas de crianças, faça sol, ou um frio de rachar. Elas não mudam consoante o tempo, sentem-se sempre livres.
Do oitavo andar ouço as gargalhadas delas que ecoam de forma vazia em mim.
Quase que invejo a liberdade delas.
Quase que me atormento com a forma resignada com que perdi a minha...
Num dos artigos que leio, os portugueses fazem balanços da percentagem que vão gastar do seu subsídio de natal em presentes de natal.
Eu perdi o meu no dia em que decidi atirar tudo ao ar atrás de uma felicidade que nunca chegou.
Perdi os subsídios e a segurança e o poder.
Porque quis. Por vontade minha. Por achar que um grande amor merecia tudo isso.
Mas perdi tudo, fiquei sem nada porque esse amor abandonou-me na altura em que perdi tudo.
Às vezes ganhamos, às vezes perdemos.
Eu arrisquei tudo e perdi.
E passado quase meio ano sinto-me muito mais fraca e destruída do que no dia em que tudo ruiu.
Lá fora os miúdos correm e gritam, despertam-me a cabeça adormecida numa tristeza que não consigo combater.
Estou cansada de todos os dias ser só isto.
Perdi e então?
Um passo à frente...
O passo que não estou a conseguir dar para ser livre como aquelas crianças dali debaixo.

novembro 10, 2015


Hoje desviei o caminho da estrada e fui espreitar o mar.
Hoje o sol estava a pedir-me para ir atrás dele e deixar-me ficar, estava a pedir-me para não me mexer como uma roldana mal oleada que faz o mesmo movimentado esgotado, todos os dias.
E em vez de ir a correr para o meu novo trabalho, resolvi correr uns segundos para dentro de mim.
Perdi-me no meio de hortas e couves caseiras, sem ninguém, sem grandes produções.
Perdi-me no simples e isso não me assustou.
Parei em frente ao mar e sentei-me num muro com os pés a baloiçar no ar.
Como se não pertencesse a regra nenhuma, nem a agendas, nem às empresas dos outros.
Parei talvez 5 minutos. Terão sido 10?
Sei que ainda não sou aquilo que ambicionei.
Não sou quem planeei ser.
E agora?
Qual dos dois lados da balança devo ouvir?
Não sei dar-me as respostas certas.
Respirei fundo e voltei até à porta do carro.
Mas voltei atrás para ver o mar de novo, como se me falhasse alguma informação.
E pensei onde anda Deus que não dou por ele nos pormenores…


novembro 09, 2015

da minha natureza


Nos últimos meses tenho sentido que estou debaixo de água a tentar vir à superfície.
Sem sufocar.
Sem bater demasiadas vezes as pernas para aguentar o cansaço.
Nado, nado e ouço o coração  que parece às vezes querer deixar-me.
Nos últimos tempos achei que a dor me tinha domesticado.
Achei que o ritmo cardíaco tinha diminuído e a mente já estaria menos desperta.
A natureza faz sempre com que as feras hibernem, não é? Precisam de sobreviver.
Tenho andado assim.
A passar os dias para sobreviver à sua superfície.
Nada de grandes sonhos, nada de grandes crenças, nada de grandes coisas.
Ando zangada comigo porque pergunto o que me fizeram que me mantém debaixo de água.
Ando triste comigo porque estou lenta e resignada.
E as lutas todas que comprei sozinha?
E as que comprei com tanta gente atrás?
Tenho sido uma sobrevivente, mas ando a resgatar-me.
Mas há um segundo em que tudo muda no ritmo cardíaco.
Há um fragmento em que o corpo explode e sai da água.
Há um momento em que eu reapareço.
Há sempre um tempo em que a natureza exige que se regresse à origem do que é a nossa espécie.
E a minha nunca morrerá, nunca parará até eu levar o tiro certeiro.
A minha espécie é daquelas que adormece temporariamente, mas explode em personalidade quando a tentam destruir.
A minha espécie é daquelas que se fere toda, mas vai à luta para defender aquilo em que acredita.
Sou de uma espécie rara, das que não têm medo da dor, para afirmar a essência da natureza.
Mesmo que volte ao começo de tudo.
É mais forte que a minha espécie.

novembro 05, 2015



Sinto que cada vez que vou quebrar, há sempre uma força maior ao meu lado, que me vem dar a mão, até se cumprir o caminho...

outubro 26, 2015

i will



A luz ainda não entrou pela janela.
O organismo ainda não se adaptou à mudança de hora e acordo mais cedo.
São 07h30 e saio da cama.
Como pouco e visto-me à pressa.
A manhã não me sabe bem.
Atravesso o centro da cidade para ir fazer ginástica.
Enquanto o carro pára e arranca volto a pensar nas dificuldades todas que tenho passado.
É cedo e chegou a chuva e o frio.
A semana começou e o trabalho espera-me.
Sei que tenho de ter força para continuar.
Força para acordar mais cedo e mexer-me.
Força para me adaptar a todas as realidades.
Força para não desistir perante o que se mostra difícil.
Tenho um novo treino porque não posso fazer demasiado esforço.
Contenho-me entre o passo acelerado que quer correr, mas não deve.
Assim sem dor física nada me sabe bem.
Persisto no passo forte e acelerado e há uma raiva.
Na cabeça não me sai a mesma pergunta.
"Porquê".

outubro 22, 2015

declaração de vontade



Sempre pintei um cenário perfeito para a minha vida: o homem experiente e com uma vida estável, que quisesse ser pai.
Em sonhos chegava ao ridículo de planear qual seria a escola dos filhos que nunca vieram.
A minha vida era toda um ensaio, imaginário.
Uma tontice de uma mulher já crescida e pelos vistos pouco inteligente.
Tive alguns namorados e não tenho razão para ter vergonha porque a vida é feita de um somatório de vivências.
E eu vivi tudo o que me apeteceu.
Que privilégio.
Apaixonei-me perdidamente por poucas pessoas.
Dessas grandes paixões nenhum deles quis acompanhar os meus sonhos.
Carregavam todos uma mochila demasiado pesada para mim: com outras experiências mal arrumadas e filhos que assombravam a felicidade e a culpa.
Eu nunca soube lidar com os filhos dos outros.
Como também não fui o primeiro interesse de ninguém.
Os anos passaram e marcaram-me.
Hoje acredito menos nos outros e menos nas paixões arrebatadoras.
O que é demasiado arrebatador mata-nos.
Decidi que tinha de desistir do estatuto e do mundo recheado de jantares e promessas de uma vida a dois, de casamentos que nunca me foram propostos, nem filhos planeados.
Foi tudo pó.
Encontrei uma pessoa sem os requisitos que tinha traçado numa tabela de exigências.
Eu, esta palerma que acha que amor leva rótulos.
Nos lugares onde ficava sozinha porque alguém me deixava, ele estava lá.
Nos momentos em que me fui maltratada ele aparecia para me ver.
Encontrei uma pessoa que me aparecia a brilhar, quando eu o escondia para que ele desaparecesse.
E fui deixando ficar e percebi que mais do que deixar, a sorte era minha. Não dele.
Percebi que não há estatutos, nem apelidos sonantes, nem mochilas com filhos.
Não serei rica e vai ser duro sim.
Posso na mesma ficar sozinha. Posso sim.
Mas não escolhi uma pessoa de forma remediada.
Escolhi a única que até hoje me quis muito.
Que não me escondeu.
Que fez planos e os cumpriu.
Que não viveu vidas paralelas.
Escolhi o melhor para mim.
E bolas tenho uma sorte dos diabos.
Os outros?
O que a inveja os vai por a dizer?
Paciência.
Com o tempo passa.

Eu que o diga.

outubro 21, 2015



A porta já se fechou e não se deu por ela bater.
Não ficou nada do tempo para se viver ainda.
Ele não vai chegar mais tarde.
Ele esgotou-se mesmo antes de darmos por isso.
Não ficaram boas lembranças do pouco que se viveu.
Já passaram os créditos e a tela foi a negro.
Já não há espectadores porque já não há nada para ver.
Já terminou tudo.
Sem mais regressos no tempo que nunca foi o certo.

outubro 16, 2015




Uma das coisas que mais me realiza na vida é estar sentada numa bicicleta, quase às escuras e com a música a explodir nos ouvidos.
Há umas pessoas que vão ao psicólogo, outras desabafam mil vezes com o mesmo amigo, eu refugio-me aqui para arrumar as minhas coisas todas.
Não vejo mais nada à volta, não reparo em ninguém.
É como se tudo em mim fosse dar de si.
É o único momento onde sinto que mais um segundo quebro e caio.
Muitas vezes para ter força tenho de me lembrar dos meus últimos tempos de vida.
E imagino um descampado com poucas, muito poucas pessoas, mas as que foram as suficientes para tentar destruir a minha vida.
Imagino que passo por elas e que delas não resta nada, só pó.
É horrível, não é?
É a minha catarse.
Quase morro nessas aulas.
Quase choro.
Quase me acabo.
Mas saio sempre mais leve porque só acerto contas com elas no meu imaginário, até apagá-las de vez das minhas memórias.
Dizem que a vingança é um prato que se serve frio.
Eu também acho.
Mas não quero fazê-lo a ninguém.
O tempo fará tudo sozinho.
E nessa altura não só não sentirei qualquer alívio.
Como terei pena.

Por ver na vida a fórmula justa e matemática que o meu coração não conseguiu encontrar.

outubro 13, 2015




O telefone abriu sem querer fotografias que tinha esquecidas.
Julguei-as apagadas.
Tentei apagar a primeira que vi.
“eliminar?”
Como um anjo ou demónio que nos assombram a consciência, há sempre alguma coisa que nos pergunta e vem confirmar, “tem mesma a certeza que quer eliminar?”.
E é aí que vacilo.
Revi foto a foto, com um sorriso de saudade, de dor, com pena. E sempre a mesma pergunta “Porquê?”.
Não consegui apagar nada porque quero lembrar a consequência de cada momento que achei bom e depois me enganei.
Preciso de o fazer para não ouvir nem anjos nem demónios.
O tempo está fresco como a tinta que colo às paredes para esquecer a que ficou debaixo.
O tempo que passou ainda não é suficiente para secar por inteiro a dor do fracasso.
Meu Deus… o tempo esse malvado que assombra por ser tantas vezes rápido e outras tão lento.
As fotografias que se abriram sem querer vieram perguntar-me “quer eliminar?”.
E eu sei que é sim.
Terei de eliminar tudo.

Porque não suporto mais que o tempo saltite na minha cabeça como um dispositivo com flashes de sucessivos fracassos.

outubro 12, 2015



Cada começo de semana acordo sem vontade de recomeçar tudo de novo.
Às vezes acho que é da chuva e do Outono.
Outras acho que é o cansaço que se instalou depois de ter carregado a dor às costas sem me queixar.
Mas acordo e levanto-me e não dou hipótese de desistir ou falhar.
Não tenho tempo, nem vontade de sofrer mais.
E a vontade vem da força, das escolhas que fizemos.
Das escolhas que fazemos a cada minuto que passa.
Cada vez que desanimar sei que serei sempre livre porque escolhi.
Porque tenho sempre a opção de escolher.

outubro 11, 2015

da liberdade de se ser como se é...



Liberdade é poder dizer não a uma ordem que não aceitamos.
Liberdade é partir para longe quando tudo parece estar perto.
Liberdade é começar a vida do zero quando aparentemente já se tinha tudo.
Liberdade é optar por viver com menos dinheiro e passar dificuldades até ao fim do mês, mas dormir bem todas as noites.
Liberdade é procurar os risos e os sorrisos onde ninguém quer procurar.
Liberdade é escolher o melhor amor e não aquele que dizem que é nosso por destino.
A liberdade tem também um preço e custa caro.
E eu lembro-me disso todos os dias, principalmente nos dias em que adoraria viver no conforto e não ter de fazer contas a cada minuto do meu dia, mas sei que fiz a escolha certa.
A liberdade não é para qualquer um e por isso faz-me acreditar que um dia vou alcançar o tanto que sonhei.

outubro 10, 2015


Uma manta.
Um copo de vinho.
E os sacos deixados no chão do corredor com carne e fruta.
Enquanto a chuva bate nas janelas.
E eu penso que apesar de alguma tristeza, a grande tempestade já passou.

outubro 08, 2015

enquanto tento dormir, penso que...


Vivo num país onde há alguns imbecis que,acham que governa aquele que ganha menos votos...
 Pior só mesmo se o PS se coligasse com o PC...
Bem, tenho de ir dormir porque já estou a delirar


Decidi que mereço ser feliz.
Com tudo o que tenho direito.
E tenho todo o direito do mundo...

outubro 07, 2015


Uma das coisas mais gratificantes que a vida nos dá é o retorno.
Quando nunca fizemos nada para ajustar as contas da maldade que nos causaram...
E de repente tudo vai acontecendo sem mexer um dedo.
Tudo acontece da forma como tem de acontecer.
Por justiça.

ainda bem que quando nos magoam é sempre sem querer


- Como dizia um miúdo lá no colégio para outro mais pequeno, depois de sem querer lhe ter dado um pontapé no estômago, enquanto jogavam à bola: “tu és forte, tu aguentas”.



setembro 30, 2015


Muitas vezes acendo uma vela à noite e falo com o meu anjo da guarda.
Acredito que tenho um daqueles grandes que me protege de muita coisa má.
Hoje pedi em particular que me mantenha perto dos amigos a sério, mas também dos inimigos.
Que os inimigos estejam sempre controlados, para que eu não volte a ter uma grande desilusão.

setembro 24, 2015


Devo agradecer a umas poucas pessoas que me fizeram a vida num inferno nos últimos tempos.
Porque graças aos pensamentos que me causam, consegui fazer das melhores aulas de cycling de todos os tempos.

setembro 21, 2015


Em tempos tive uma grande paixão por Budapeste.
A cidade gélida e romântica do leste...
Cheguei a equacionar viver lá por causa de um amor.
Mas que vergonha seria aceitar viver num país que dá ordem para disparar sob qualquer refugiado sírio que tente passar as fronteiras.
Que vergonha seria ser habitante de um lugar que não aprendeu nada com os crimes hediondos que já cometeu com os judeus no passado.
Mas uma coisa na minha vida que não deu certo e que não foi por acaso.

Hoje começa uma nova vida.
Se me dissessem há poucos meses que seria assim, eu diria que era impossível.
Mas o dia de hoje veio para me mostrar que não vale a pena querermos controlar o futuro todo.
Porque ele é aquilo que ambicionamos mas muito mais aquilo que entende ser o melhor para nós.
Hoje começa o primeiro dia da minha outra vida.

setembro 20, 2015


O Verão é o espelho das minhas emoções e talvez a praia pudesse ser a minha morada.
Passo horas em silêncio a ver o voo das gaivotas e olhar para as marcas da areia.
Este é o lugar onde me encontro e durmo em paz.
Hoje o meu Verão chega ao fim e com ele vai  já a saudade de quem não gosta de se afastar.
Este foi o meu tempo mais longo, mais quente e o mais frio.
Foi a minha estação de trovoadas e sem sopros.
Trouxe-me tudo e também levou.
O Verão que hoje partiu, deixou-me a marca na pele e o sol por dentro para continuar a seguir sempre em diante.
E lá mais à frente sei que nos voltaremos a encontrar.
Porque ele volta sempre, com vento, ou sem brisa, na data certa ou na improvável, ele vai voltar a atravessar-me com os raios.
O Verão hoje partiu, na hora marcada.
E deixou-me triste.
Sei que tem de ir cumprir o seu ciclo.
E ele sabe que me mantenho cá,
A cumprir o meu.




Corro para sentir dor e superá-la ao mesmo tempo.
Corro para sentir que me ultrapasso a cada dia.
Corro para sentir que podia vencer a maldade dos outros.
Corro para me sentir livre.
Corro para me desafiar.
E para dominar os meus pensamentos.
Corro e logo a seguir sou um pouco mais feliz.

setembro 19, 2015

Os dias têm banda sonora ...


Vou só despedir-me do verão e carregar as últimas baterias para saber levar tudo o que me espera e está mesmo aí.
Então até já!

setembro 18, 2015



Revejo amigos esquecidos pelo tempo e pelo orgulho de nunca se saber quem liga primeiro.
Falamos a correr para que anos de vida perdida caibam nas duas horas que reservamos um para o outro.
O vento bate no acrílico de um lugar em cima do Tejo.
Vem um gin.
Outro.
E as ervas aromáticas dançam lá dentro como o meu cabelo no ar.
A nossa vida passa em revista como um filme em fast forward.
Há umas mantas ali ao fundo - penso - mas o tremor que tenho faz-me hesitar se é do frio do vento, ou do confronto pelo meu recente passado.
Olho para trás e não sei como conseguir seguir de pé, erguida...
Tive as bengalas revestidas de tamanhas amizades.
Como esta que me ouve e quase me lamenta.
Num sorriso seco e sumido pergunta-me como consigo estar ali positiva e diante do mundo.
Respondo que não há tempo para quebrar, que a vida é curta e tenho pressa de resolver os caminhos que ficaram todos destruídos.
Em segundos fico em silêncio porque sei que a força se esgota e precisa de ser recarregada.
Sou só e apenas humana...
Talvez a manta não me tenha aquecido porque gelei, não pelo frio do Tejo que é cruel quando se chateia.
Talvez o gin não me tenha gelado as mãos pelo gelo que derreti nelas.
Talvez nem tivesse frio.
Talvez estivesse apenas em choque.
Talvez...
O tempo tinha acabado naquele dia para nós.
Levou-me a casa, como me levou a vida toda porque acha que cuidar é proteger.
Cuidar é um gesto tão raro que só acontece quando  há amor.
E eu concordo.
Subi a correr, à espera de voltar a aquecer e esqueci a nossa conversa.
Relembrei-a na perfeição hoje.
Porque me disse que em momentos de guerra, não há tempo para chorar os mortos, há que sair para defender até ao fim o que é nosso, o que nos resta.
A vida.
Não é pouco!

o amor


"Você sabe que te amam quando sabe que não tem nada para dar ao outro e ficou quase inútil e a outra pessoa fica ali e lhe diz nos olhos: não tens nada para dar, mas não sei viver sem ti"

setembro 17, 2015

Na próxima semana as rotinas começam todas de novo.
Outro trabalho, outro ginásio, outro lugar onde deixar o carro.
As pessoas já não serão as mesmas do passado.
Mas nem eu mais estarei igual.
Tudo mudou, mas há coisas que não mudarei nunca.
A vontade de me continuar a mover.

setembro 14, 2015

E as coisas boas começam todas a acontecer...

7 vidas


Há quem diga que temos ciclos de vida e que morremos e nascemos de novo.
Eu morri já...
E nasci de novo.
Atrás de mim outras coisas virão.
E no tempo certo outras vidas vão aparecer.

setembro 11, 2015

Depois da ferida maior já estar a fechar, vem a cicatrização à volta.
Depois das desilusões, a certeza dos erros que não se repetem.
Depois do cabelo mais escuro, vêm as paredes cheias de tintas claras.
Depois da revolução por dentro, vem a mudança para fora.
Primeiro eu, depois a casa onde quero viver e ser feliz.
Mil ideias, pouco tempo para tanto e projetos recém-nascidos que começam a ganhar forma.
Só agora começou...

agosto 31, 2015

em dia em que faço anos quero relembrar-me da regra básica de viver



"Para ser grande, sê inteiro: nada
        Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
        No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
        Brilha, porque alta vive."

Ricardo Reis \ Fernando Pessoa

agosto 29, 2015

Encontramo-nos ao acaso numa corrida matinal junto ao rio.
O tempo e as mudanças de vida afastam-nos sem darmos conta.
Depois de um abraço longo e suado, seguimos as duas a correr.
É como se tivessemos ganho tudo de novo num só segundo.
Falamos de namorados, empregos e dos amigos que fomos perdendo pelo caminho.
Estamos as duas sozinhas de novo.
Digo-lhe que já nada me dói da mesma forma, é como se as feridas nunca se curassem por completo.
"Quanto mais o tempo passa, mais desilusões acumulo, mas se deixo de sonhar..." - diz-me e eu sorrio com uma expressão de quem não ouve nada de novo.
Continuamos a correr. Sem falar.
Jantamos na semana seguinte.
Abrando o meu ritmo. E ela segue.
No ar ainda a ouço...
"Mas devemos sempre acreditar no amor perfeito, Joana. Eu ainda não desisti".

agosto 22, 2015



Por causa de um grande amor achei que viver era quase não ter ar.
Por causa de um grande amor larguei um emprego.
Por causa de um grande amor fiz tudo para revolucionar a minha vida.
Por causa desse amor perdi tudo.
Sem emprego. Sem amor para ser concretizado, percebi que às vezes o que fica por contar é mais do que aquilo que sabíamos do outro.
Recomeço a vida do ponto menos 5, ainda nem cheguei ao zero.
Espera-me um longo e duro caminho.
Ao lado tenho sempre pessoas que me recordam que viver vale sempre tudo.
Tudo vale a pena.
Para já levo a mala cheia de roupa que espera por dias quentes e festa.
Guardado no peito vai ainda o desgosto de um engano, mas a esperança de quem quer recomeçar a vida.
Vou partir.
Mas volto.

agosto 21, 2015

está nas estrelas




Viajei para o Brasil em busca de paz, como um retiro espiritual que me faltava fazer.
Perdida no meio do oceano e mata atlântica, olhei para o céu à procura de alguém, como se os anjos se deixassem ver.
Uma estrela atravessou o céu e caiu...
Pedi um desejo baixinho.
Ainda não foi ouvido.
Ainda...
Pinto sempre o cabelo de escuro e mudo a cor do blog.
É como começo sempre as minhas mudanças.
Mas elas já começaram antes por dentro.
Escrever foi sempre dos momentos em que me senti mais livre.
Então sou obrigada a fazê-lo agora.
Este foi sempre o meu lugar, meu por direito.
A dada altura parei de escrever por medo das palavras.
Por medo do que liam além das minhas palavras.
Por várias vezes na vida morremos.
Por uma vez só a menos, nascemos sempre de novo.
E assim nasço eu hoje aqui de novo.
Depois de já ter morrido mais uma vez.
Começo de cabelo escuro.
Mas a alma...
Essa, continua branca, como a cor da minha liberdade enquanto mulher.
O meu blog chama-se Joaninha a voar...
Não é em vão.
Nunca foi em vão.

junho 30, 2015

Um lutador combate sempre de pé.
Com os punhos partidos e o coração em ferida.
Mas fica sempre de pé.
Um lutador quebra só quando não tem espectadores.
O prazer de ser lutador é a crença em algo inabalável.
Mesmo que doa.
Mesmo que quase mate.
Um lutador nunca vira as costas a um combate.
Mas prepara-se antes para ele.
Depois fica no ringue até que um dos dois morra.
Eu estou num ringue de joelhos.
Só à espera que me acertem com aquele que acham que será o último golpe.
Nessa altura combato.
E prefiro morrer de pé a deixar de lutar.
Sempre de pé, até que decida quando quero acabar.

junho 14, 2015



Todos nos apaixonamos assim nem que seja uma vez na vida.
É um ciclo que começa e acaba.
Uma valsa suave que nos embala os pensamentos e permite chegar sempre ao lugar mais bonito do que somos.
Emociona-nos quando nos toca a pele e é o seu sopro quente que nos deixará sempre saudade.
É tão inevitável amá-lo como o deixar partir.
Ele voltará sempre, como terá sempre de voltar a partir por mais que se queira prender para sempre.
Tudo o que é bom demais não é para sempre...

maio 29, 2015


Parece que se chamam indigo.
E que vêem mais além como se o sexto sentido lhes construísse o caminho.
Não têm medo mesmo sabendo que a queda faz parte da estrada.
Terão sempre qualquer coisa de crianças porque não colocam a vida toda em perspetiva.
Falam com os olhos que tem o coração como maestro.
E são do mundo porque nunca pertencerão a ninguém.
Não serão nunca a maioria e por isso são raros e especiais.
Andam por ai,  vivem a vida como um ultimato que só pode dar certo porque a única regra que respeitam é a da intuição.



A vida é o curto sopro do que fazemos dela...

maio 03, 2015

"Não é preciso morrer para ver Deus"

Deito-me numa pedra quente enquanto sopra o vento quente de fim de tarde no Alentejo. Não se houve nada, nem gente, nem aves, nem buzinas ao longe como na cidade onde vivo. É como se o tempo tivesse tirado férias e tivesse partido sem aviso de regresso. Fixo o sol sem queimar o olhar e tento pensar nas respostas todas que coloco à vida, sabendo que ela é apenas um caminho de lições, lições algumas que não quero mais aprender. Sinto-me livre porque não tenho pressa de partir ou chegar. O telefone não toca e ninguém se vai lembrar de me procurar. A carrinha fica aberta e toca músicas várias sem ninguém as escolher. Uns filmam, outros passam as mensagens do telemóvel como se relessem a agenda do dia. Eu fecho os olhos e não procuro mais nada porque estou demasiado esgotada. Acho que adormeço. Acho que acordo com a mesma calma. Toca esta música que me embala e alivia o peso que ganharam os meus pensamentos. Hoje não precisei de morrer para ver Deus...

abril 13, 2015


O que fica dos passos que já demos?

abril 07, 2015


O que fazemos quando percebemos que alguma coisa vai acabar mal?

abril 03, 2015


Sei que me sinto muito sozinha quando volto obstinadamente a fazer desporto para gerir o prazer da dor.

abril 01, 2015

Voltei a fazer desporto.
Como é que é possível eu ter parado?
Seguem-se próximos capítulos. Muito em breve.
À medida que releio e refaço o meu cv penso...
Bolas, eu já fiz isto tudo!

março 16, 2015

A felicidade é um fragmento das ilusões que alimentamos na vida. Não é mais do que um sopro.