dezembro 28, 2015



Fui ver um filme sobre a velhice.
Apesar do nome ser Youth.
O filme é sobre o que fica do que se viveu quando podíamos viver tudo.
Mas o filme é também sobre o fim das coisas.
A velhice é o fim das coisas.
E ela assombra-me cedo demais quando olho para os meus avós e já não gosto de os ver.
Porque me vejo daqui a um tempo também.
Youth é um daqueles filmes que nos faz ter a sensação que por mais que se viva numa montanha russa, um dia pagamos o preço dela.
E passamos por isso sempre sozinhos.
E é tão decadente.
Como o corpo quando deixa de ser firme e já não se assemelha ao de uma estátua grega.
Ou quando saíamos de uma vida e entravamos noutra porque não tínhamos medo de nada.
A vida vale a pena se for o somatório das paixões que não quisemos deixar de viver.
E dos sonhos que não quisemos deixar de acreditar em cumprir.
A vida sabe melhor se for mais perversa.
E a que causar mais danos.
Mas tem sempre o preço de não poder ser assim eternamente.
Porque o corpo cai.
Como a força da alma.
Como a memória quando entra em blackout. Como a da minha avó.
A minha vida tem sido como esta música.
Mas e quando o corpo parar?
O que será do coração?
E terei memória para ao menos poder recordar?
Como é que eu posso dizer que não quero estar com os meus avós sem que isso os vá magoar?
E quando deixa de ser arrebatador? Continua a valer a pena?
Eu não quero que os meus avós me recordem do que seremos todos um dia...

1 comentário:

Anónimo disse...

"A bênção de envelhecer juntos é um privilégio reservado apenas aos perseverantes, aos fiéis e aos corajosos, que se assumem mutuamente para o melhor e para o pior. Isso só acontece quando a relação persiste, apesar de alguns pontos baixos e graças a muitos pontos altos na vida!"