maio 29, 2015


Parece que se chamam indigo.
E que vêem mais além como se o sexto sentido lhes construísse o caminho.
Não têm medo mesmo sabendo que a queda faz parte da estrada.
Terão sempre qualquer coisa de crianças porque não colocam a vida toda em perspetiva.
Falam com os olhos que tem o coração como maestro.
E são do mundo porque nunca pertencerão a ninguém.
Não serão nunca a maioria e por isso são raros e especiais.
Andam por ai,  vivem a vida como um ultimato que só pode dar certo porque a única regra que respeitam é a da intuição.



A vida é o curto sopro do que fazemos dela...

maio 03, 2015

"Não é preciso morrer para ver Deus"

Deito-me numa pedra quente enquanto sopra o vento quente de fim de tarde no Alentejo. Não se houve nada, nem gente, nem aves, nem buzinas ao longe como na cidade onde vivo. É como se o tempo tivesse tirado férias e tivesse partido sem aviso de regresso. Fixo o sol sem queimar o olhar e tento pensar nas respostas todas que coloco à vida, sabendo que ela é apenas um caminho de lições, lições algumas que não quero mais aprender. Sinto-me livre porque não tenho pressa de partir ou chegar. O telefone não toca e ninguém se vai lembrar de me procurar. A carrinha fica aberta e toca músicas várias sem ninguém as escolher. Uns filmam, outros passam as mensagens do telemóvel como se relessem a agenda do dia. Eu fecho os olhos e não procuro mais nada porque estou demasiado esgotada. Acho que adormeço. Acho que acordo com a mesma calma. Toca esta música que me embala e alivia o peso que ganharam os meus pensamentos. Hoje não precisei de morrer para ver Deus...