setembro 24, 2012

ah bom, achei que devia pedir desculpa por existir

Ao abrir a agenda de trabalho:
"Não existe nenhum pecado em ser-se feliz".

setembro 06, 2012

as mulheres que odeiam os homens



Tenho passado os últimos anos a lutar.

Luto contra um sistema que me parece que mata os mais frágeis, contra as regras impostas do trabalho que não olha para as pessoas e luto contra a política do medo.
Lutei contra o meu medo sempre. Visitei-o várias vezes, olhei-o de frente.
Andei a lutar contra os agressores e contra os homens que fazem mal às mulheres.
Tenho lutado contra o que considero injusto, para mim, para os outros.
Lutei sempre de frente, de peito aberto, como se fossemos forças iguais.
E apanhei quase sempre em cheio. De frente.
Umas vezes caí, outras feri-me de morte, outras tantas perdi demasiado e sob ameaça de ser a última vez.
Toquei no chão mais vezes do que as que fiz cair alguém, mas nunca me arrependi de ir de frente, com garra e sede de vida.
Movi-me sempre entre a fúria e a força que me vinha de dentro, a força da certeza que move o mundo e que muda sempre alguma coisa.
Lutei as vezes todas que quis, mesmo sabendo que ia perder, mas fui porque era da minha natureza não desistir.
Persisti muitas vezes quando tudo apontava a minha queda, mas ergui-me sempre, cada vez vez com mais mazelas e cicatrizes.
Perdi a força, talvez a tenha perdido com o tempo, sem a ver, sem a dosear no tempo certo.
Não tenho mais vontade de cair, de bater no chão. Perdi a vontade de ripostar. De ser agredida.
Deixei de querer ser forte por mim e pelos outros.
Alguém que agora lute por mim e me ame com estas marcas todas que foram infligidas, com as que também deixei.
Mas que me ame como sou, agora.
Porque eu desisti de lutar de tanto que fui agredida.



Enquanto ouço as confissões dos outros.
E as minhas.
Penso...
Será que só amamos enquanto vivemos da ilusão daquilo que queremos que o outro seja?
Será que só amamos o outro porque ainda não o conhecemos?
Será que amamos uma projeção daquilo que precisamos e não daquilo que o outro nos dá?
Possivelmente, então, não amamos de verdade ninguém...
Não?