setembro 26, 2013



Houve várias alturas na minha vida em que tudo o que me diziam e todas as ações apontavam para um desfecho negro e doloroso.
Ouvi muitos conselhos dos mais variados pólos a dizer-me que desistisse, que merecia seguir um caminho melhor. Pessoas que gostam de mim incondicionalmente e que não me querem mal... Mas nunca fiz nada do que me disseram.
Senti muitas vezes na pele a sensação do falhanço e do sonho falhado a meio do caminho, sem nunca vislumbrar a meta. Mas nem isso me demoveu de fechar as portas da alma.
Acendi velas e pedi aos meus guias que me indicassem o caminho e nunca ouvi que esse caminho era o do fim.
Houve muitos dias em que tudo me foi negado, em que tudo me fizeram para eu desistir.
E nesses dias adormecia sempre a pedir que a minha voz interior me tocasse com um sino na cabeça e não no coração.
Em todos esses dias em que muitas vezes o único sentimento que existia era o da raiva e da rejeição, em todas essas manhãs, a única voz que ouvi foi de calma e de perseverança.
Todos os dias ao acordar tenho ouvido alguém que me diz baixinho "continua Joana, segue o teu caminho, porque ele não chegou ao fim".

setembro 24, 2013


Os meus sonhos tornaram-se em pesadelos.
E agora como é que eu acordo do sonho e fujo dele?
E qual é o meu tempo?

setembro 23, 2013



Deito-me no sofá já a tarde cai.
Janelas abertas e um olhar perdido entre as paredes vermelhas e a varanda que não me traz uma brisa.
Rodo os olhos, como nas aulas de yoga, e asseguro-me que as minhas andorinhas continuam por cima de mim, na parede principal.
Percorro o olhar por tudo o que fui construindo com o tempo: os cd's de jazz e bossa nova, as fotografias a preto e a branco, os quadros regateados no Marais, as cortinas que precisaram de bainha, os móveis comprados em parcelas, as plantas...
Construí tudo devagar e praticamente sozinha, pela minha vontade, esforço e perseverança.
Aquele é o meu lugar onde ninguém entra para me roubar espaço nem sufocar, o meu porto seguro, onde ninguém se atreve a entrar se não me quiser bem.
Os budas e as velas circulam livremente no chão, acabando por reservarem lugares próprios de meditação.
Tudo o que consegui refletir de mim, do que acredito e do que amo está ali todos os dias comigo. E eu gosto de quem sou, assim como sou.
Passo os programas sem ouvir o conteúdo de cada um, quando a minha cabeça se afunda em pensamentos, não tem lugar para ouvir mais nada.
Não tenho medo do meu silêncio, nem de deixar que as horas me atropelem no sofá.
Medo tenho do que não comando e do que não escolhi.
Perdida em pensamentos no meu sofá, num fim de tarde de domingo em que busco a minha harmonia sei que há uma parte de mim que se apagou e me abrandou os ímpetos.
Do que já vivi, criei e destruí, de tudo o fui para chegar aqui, dona completa do meu tempo e de mim, sei que serei sempre uma lutadora, se for preciso andar descalça e voltar a construir um caminho, vou fazê-lo. Se precisar de recomeçar uma casa e as suas memórias, vou fazê-lo.
Se a vida me obrigar a reconstruir-me, eu sei fazê-lo.
Mas será que eu quero passar por tudo isso?



setembro 20, 2013

na essência do subtil


Acredito nos sinais das coisas.


E que as perguntas que faço para o ar, têm sempre um interlocutor.

Acredito que o tempo tem o seu tempo certo de acontecer.

E que o mundo nos rodeia diarimente com mensagens, lições.

Mas todas estas coisas acontecem no tempo que tem de ser, no tempo que faz sentido.

Não no nosso, cheio de pressa e vontade.

E é nesse equilíbrio tão imperfeito que encontramos a vida e o melhor dela.

setembro 12, 2013


Quando falamos com uma pessoa estrábica, para que olho olhamos?

setembro 09, 2013


Sabemos que estamos bem connosco quando acordamos cedo e saimos para correr num lugar que nos é estranho e não temos medo do tempo, nem do silêncio.
E corremos, orgulhosos por gostarmos tanto da nossa própria companhia que ela nos completa como se todo o mundo assistisse à nossa etapa.