maio 03, 2015

"Não é preciso morrer para ver Deus"

Deito-me numa pedra quente enquanto sopra o vento quente de fim de tarde no Alentejo. Não se houve nada, nem gente, nem aves, nem buzinas ao longe como na cidade onde vivo. É como se o tempo tivesse tirado férias e tivesse partido sem aviso de regresso. Fixo o sol sem queimar o olhar e tento pensar nas respostas todas que coloco à vida, sabendo que ela é apenas um caminho de lições, lições algumas que não quero mais aprender. Sinto-me livre porque não tenho pressa de partir ou chegar. O telefone não toca e ninguém se vai lembrar de me procurar. A carrinha fica aberta e toca músicas várias sem ninguém as escolher. Uns filmam, outros passam as mensagens do telemóvel como se relessem a agenda do dia. Eu fecho os olhos e não procuro mais nada porque estou demasiado esgotada. Acho que adormeço. Acho que acordo com a mesma calma. Toca esta música que me embala e alivia o peso que ganharam os meus pensamentos. Hoje não precisei de morrer para ver Deus...

1 comentário:

Anónimo disse...

que sorte...