agosto 23, 2013



Ajusto a bicicleta a mim, sabendo que hoje ela não me pertence.
Apagam-se as luzes e ecoam as primeiras palavras de ânimo para quem tem 1 hora para deitar fora suor e raiva e uma dor por dentro que precisa de resposta.
Baixo a cabeça e olho para os pés e peço baixinho que eles voem até não aguentar mais, mas hoje eu não comando nada.
Hoje não controlo os pensamentos.
Prendo um dos ténis num pedal e rebento os atacadores numa explosão de barulho.
Não sinto dor.
Mas é o atacador preso que me trava à força, como se a vontade fosse de explodir toda.
Tenho de desistir hoje. Foi a primeira vez.
Liberto o atacador e olho um pedaço de calçado rasgado.
Ficam sempre vestígios de uma dor que não sinto fisicamente.
Penso que nunca será nos momentos de raiva que me vou superar e chegar mais longe.
É preciso estar em paz para me ultrapassar e ouvir a razão de ser das coisas.


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