outubro 31, 2014


Encontramo-nos todos em casa de uma das amigas para jantar.
Uma delas precisava de colo e esta desesperada.
Abrimos tantas garrafas quanto o número de amigos que temos à mesa.
Fazemos um balanço da vida e percebemos que estamos quase todos sozinhos porque quisemos apostar tudo. E alguns de nós perdemos tudo também.
Passam as horas por nós e falamos dos namorados e do que vivemos.
Falamos das asneiras que fizemos juntos e dos segredos que partilhámos.
Falamos de clínicas para termos filhos de pais desconhecidos e de mais uns amigos estranhos que se juntam ao jantar e por quem talvez nos pudessemos apaixonar se não estivessemos todos magoados.
Ensaiamos passes de boxe e sabemos todos que estamos a passar por processos de dor diferentes.
Rapazes e raparigas. Quase todos em processo de separação.
Uns já estão prontos para seguir em frente. Outros não.
Falam todos ao mesmo tempo e olho para os meus amigos e penso que estamos todos no mesmo barco. Ou a afundar, ou a recomeçar a vida toda.
Temos todos mais de 35 e só uma tem filhos.
Estamos sem nada.
Dispostos a jogar tudo e sofremos porque fazemos todos desporto a mais para deixar de sentir a dor que a alma transporta.
Bebemos porque isso permite-nos ser mais efusivos e depois mais calmos e melancólicos .
Abraço-os a todos e um deles diz-me aquilo que acho da vida, sobre mim, sobre todos;
"Karma is a bitch".
E ele tem razão, o meu tempo de ser amada acabou.


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