outubro 05, 2014



Chego a casa e não estás.
A televisão é que me faz companhia enquanto a noite entra por entre as janelas.
Leio as revistas do mundo e não tenho com quem as partilhar, porque não há cá ninguém.
O tempo corre, às vezes depressa demais, outras parado e faz doer tudo.
As estações do ano estão a passar todas por nós e não te vejo.
Deixei de saber de ti e do teu lado angustiado e negro com a vida.
Deixei de ter onde deitar o colo quando o pensamento me assombra.
Já não gosto de chegar a esta casa que sempre foi a minha porque ela relembra-te com um eco de alguém morto mas que fica em alma.
A minha casa já não me abriga. Causa-me medo porque tem sombras do passado.
Não durmo mais de janelas abertas porque ganhei medo da vida. E do escuro.
Não me suporto no meu silêncio lento e arrastado de quem não vê fim à vista, ou terra, ou porto de abrigo.
Há apenas um túnel negro que teima em não me dar a luz da solução final.
Não aparece ninguém.
Não vem ninguém.
Fico só eu. Tão só.
E o medo gela-me...
Ao adormecer ouvia sempre "estou aqui, eu estou aqui" e eu adormecia embalada na segurança de que era verdade.
Na segurança de quem sente que não é abandonada.
Mas um dia acordei, depois de uma imensa dor e vi que estava sozinha.
Que tinha estado sempre assim.
E que não vinha ninguém atrás...
Mais ninguém....
Talvez nunca mais...

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou aqui, eu estou aqui.


E velo por ti, sempre.