outubro 13, 2014


Uma amiga minha de há anos casou.
Ao chegar a hora do almoço e porque era uma das madrinhas, dei por mim rodeada por gente que nunca tinha visto, numa mesa cheia de casais, quase todos se conheciam.
E eu. Apenas eu.
Ao meu lado sentou-se uma criança e fingi que não a vi.
Quis imenso fugir dali naquele momento, não tinha um par, ninguém ao meu lado, nem com quem falar.
Estava numa festa de homenagem ao amor e o amor tem-me traído quase todos os dias.
Amarga, triste e infantil continuei a fingir que não a via.
Foi-me sorrindo e disse algumas palavras.
Deixou cair o guardanapo e fez-me apanhá-lo.
Agradeceu com um grande sorriso e fez uma pose como se lhe tirasse uma fotografia com o meu olhar.
Forcei a conversa a pensar que não quero que a crianças gostem de mim.
"Quantos anos tens?".
Esticou 4 dedos e olhou para eles como se tudo o que fizesse fosse mágico.
E voltou a sorrir-me.
Não falámos muito mas acabei a dar-lhe o jantar.
E a correr de mão dada com ela quando me disse: "olha, quero ir embora daqui".
A Beatriz conquistou-me, apenas com 4 anos, mesmo depois de eu ter feito tudo para não a ver.
Porque é assim que ando na vida, não vejo ninguém e estou cheia de mágoas.
Nem a Beatriz, nem pessoa nenhuma me pode resgatar se eu não deixar.
E eu até quero ser resgatada, mas está tão difícil de acreditar em alguma coisa...
Mas há qualquer coisa que me enche o peito de ar quando encontro estas pessoas pequeninas na vida e sei que quero tanto ser encontrada...
Por um grande amor.
Por um filho.
Por mim própria...

1 comentário:

Anita disse...

Há poucos adultos com a perseverança das crianças. A maioria não quer ter o trabalho de conquistar...