janeiro 25, 2016


A semana começou com a entrega intensa de pré-inscrições em creches com apoio social.
A minha filha ainda não nasceu, mas já sou obrigada a pensar mais além.
Se calhar planeamos tudo demasiado, mas se não for assim parece que perdemos o comboio.
As escolas onde entro são enormes e as crianças lá dentro parecem formigas num quartel, parece tudo muito frio e institucional.
Chove a potes e o dia não chega a ver luz, não ajuda a gostar dos lugares cheios de freiras e gente meio parada no tempo que não sabe atender duas chamadas ao mesmo tempo.
Numa das escolas somos recebidos por uma freira.
Ela é amorosa.
Diz-me com um ar muito preocupado que a experiência lhe diz que não se deve deixar bebés tão pequenos numa creche e que o melhor será ficarem em casa com os avós, ou alguém de confiança.
Ouço-a com um sorriso meio amarelo e penso que me está a dizer suavemente que a minha bebé não vai entrar.
Respondo que os avós trabalham.
E não lhe explico que ter a tal pessoa de confiança implica custos que se calhar não podem ser assumidos.
E também não lhe digo que por vontade própria nunca entregaria uma bebé de 4 meses a ninguém.
Saio com a sensação que não voltarei lá tão cedo.
Entro no carro e continua a chover.
Não me fixo em nada de especial.
Apenas na ideia que a vida que tenho não me permite ser mãe por muito tempo seguido e que viver nos tempos de hoje é muito mais duro do que quando eu fiquei entregue à minha avó para ela tomar conta de mim.
Ser mãe nos dias de hoje e não tendo um bom ordenado, é só para loucos.

Ou muito corajosos.

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