outubro 11, 2013

saltos no tempo



Gostava de ter a pretensão de poder sonhar só com o meu mundo, à minha medida.
Os meus projetos, no meu tempo, na minha vontade.
No meu espaço privado entraria só quem eu quisesse, sem compromissos demasiado articulados.
Gostava de pensar em ter os meus filhos e que essa a vontade fosse partilhada numa esfera em que eu fosse a única dona, sem terceiros no somatório da minha família.
Planeei para mim tudo o que ouvi nos contos enquanto adormecia.
Planeei demais.
Gostava de amar alguém sem passado, nem bagagem, alguém que completasse comigo  um caminho que é o primeiro para mim.
À minha volta nascem e batizam-se os bebés das amigas, fala-se do próximo e fazem-se contas à vida para o encaixar.
E eu faço contas à idade e salto fases da minha vida, como se tivesse hipotecada a viver num fim de prazo, no fim do que ainda nem comecei...
E carrego eu o peso da decisão que foi minha e pergunto-me porquê...



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