abril 20, 2016



O tempo é o meu maior companheiro.
Acordo sempre à mesma, se não for mais cedo.
O carro fica sempre no mesmo lugar, onde já digo bom dia às novas pessoas que fazem parte das minhas manhãs.
Sigo sempre pelo mesmo passeio e  passo sempre à porta de um mesmo lugar, onde toca uma música ambiente agradável que me pincela o arranque dos dias.
Às vezes vejo-o à janela e trocamos um adeus de bom dia, outras vezes desce e vem dar-me um abraço.
Mudei de morada do mesmo escritório e passei a deixar o carro em casa de um velho amigo.
E é boa esta sensação de se regressar aos bons lugares e às boas pessoas.
É bom caminhar com melodias na cabeça, chova ou faça sol e sentir que o mundo só é seguro pelas pessoas que nos rodeiam.
Eu escolho as pessoas que me rodeiam.
Faço o meu mundo seguro pelas escolhas que também faço.
Sem montanhas russas, nem ciclones, nem raros dias de clima tropical.
Caminho pela minha vida amena porque optei por não viver sempre esgotada e no fio da navalha.
Caminho pelo lado do passeio de onde sinto que vem o sol, apesar do caminho ser mais longo, mas consigo ver-lhe melhor o horizonte.
Foi o tempo que me fez escolher o caminho.
No tempo que me dei a mim própria para ouvir a minha intuição.
E nem sempre foi fácil ouvir os silêncios do tempo, quando só queria respostas.
O meu caminho tem a melodia do passado e das pessoas que nele me habitaram e que transportei para os dias de hoje.
E tem as pessoas que escolhi para o presente.
Tem uma vida nova que me habita e uma memória detrás.
O caminho que hoje faço só existe porque ouvi os silêncios do tempo e permiti que a intuição falasse.
Eu preparei-me, hoje em sei.
E é por isso que agora estou pronta para receber o maior presente que pedi à vida.
Ela vem no tempo certo, no caminho traçado e escolhido.
A minha filha.


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