agosto 10, 2014
Corremos o sul enquanto o sol estava no pico máximo.
Dormíamos nas horas trocadas do dia e fazíamos das noites a nossa confidente.
Adormecemos tantas vezes no sofá, quantas ouvimos a Feist perdida pelas paredes que nunca deixaram de ser brancas.
Os melhores jantares faziam-se sempre a dois. Com os pés descalços e em misturas de vinhos que estavam abertos de jantares passados.
Não devíamos nada a ninguém e por isso o tempo começava e acabava na nossa vontade de fazermos companhia enquanto o verão durasse.
Às vezes vestia as t-shirts largas e calçava uns ténis Gazelle que nunca mais quis pôr.
Nunca me apaixonei apesar das tantas noites e dias em que fizemos companhia.
Mas era bom assim.
Sem compromissos.
Nem afectos.
Apenas o impulso de ser bom não ser de ninguém.
No cansaço dos jantares perdidos, adormeci num sofá gelado de pele e deixava que me ficasse a pentear o cabelo e dizia sempre com tristeza enquanto me olhava:
"Joana, Joana, um dia vais ter de crescer".
Dos tempos em que não amei nada nem ninguém.
Dos tempos em que vivi sem me preocupar com o ontem ou o amanhã.
Desses tempos e de mim...
Em que ninguém me tocava o coração, nem arrepiava a pele.
Tenho agora saudade.
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