setembro 20, 2015


O Verão é o espelho das minhas emoções e talvez a praia pudesse ser a minha morada.
Passo horas em silêncio a ver o voo das gaivotas e olhar para as marcas da areia.
Este é o lugar onde me encontro e durmo em paz.
Hoje o meu Verão chega ao fim e com ele vai  já a saudade de quem não gosta de se afastar.
Este foi o meu tempo mais longo, mais quente e o mais frio.
Foi a minha estação de trovoadas e sem sopros.
Trouxe-me tudo e também levou.
O Verão que hoje partiu, deixou-me a marca na pele e o sol por dentro para continuar a seguir sempre em diante.
E lá mais à frente sei que nos voltaremos a encontrar.
Porque ele volta sempre, com vento, ou sem brisa, na data certa ou na improvável, ele vai voltar a atravessar-me com os raios.
O Verão hoje partiu, na hora marcada.
E deixou-me triste.
Sei que tem de ir cumprir o seu ciclo.
E ele sabe que me mantenho cá,
A cumprir o meu.




Corro para sentir dor e superá-la ao mesmo tempo.
Corro para sentir que me ultrapasso a cada dia.
Corro para sentir que podia vencer a maldade dos outros.
Corro para me sentir livre.
Corro para me desafiar.
E para dominar os meus pensamentos.
Corro e logo a seguir sou um pouco mais feliz.

setembro 19, 2015

Os dias têm banda sonora ...


Vou só despedir-me do verão e carregar as últimas baterias para saber levar tudo o que me espera e está mesmo aí.
Então até já!

setembro 18, 2015



Revejo amigos esquecidos pelo tempo e pelo orgulho de nunca se saber quem liga primeiro.
Falamos a correr para que anos de vida perdida caibam nas duas horas que reservamos um para o outro.
O vento bate no acrílico de um lugar em cima do Tejo.
Vem um gin.
Outro.
E as ervas aromáticas dançam lá dentro como o meu cabelo no ar.
A nossa vida passa em revista como um filme em fast forward.
Há umas mantas ali ao fundo - penso - mas o tremor que tenho faz-me hesitar se é do frio do vento, ou do confronto pelo meu recente passado.
Olho para trás e não sei como conseguir seguir de pé, erguida...
Tive as bengalas revestidas de tamanhas amizades.
Como esta que me ouve e quase me lamenta.
Num sorriso seco e sumido pergunta-me como consigo estar ali positiva e diante do mundo.
Respondo que não há tempo para quebrar, que a vida é curta e tenho pressa de resolver os caminhos que ficaram todos destruídos.
Em segundos fico em silêncio porque sei que a força se esgota e precisa de ser recarregada.
Sou só e apenas humana...
Talvez a manta não me tenha aquecido porque gelei, não pelo frio do Tejo que é cruel quando se chateia.
Talvez o gin não me tenha gelado as mãos pelo gelo que derreti nelas.
Talvez nem tivesse frio.
Talvez estivesse apenas em choque.
Talvez...
O tempo tinha acabado naquele dia para nós.
Levou-me a casa, como me levou a vida toda porque acha que cuidar é proteger.
Cuidar é um gesto tão raro que só acontece quando  há amor.
E eu concordo.
Subi a correr, à espera de voltar a aquecer e esqueci a nossa conversa.
Relembrei-a na perfeição hoje.
Porque me disse que em momentos de guerra, não há tempo para chorar os mortos, há que sair para defender até ao fim o que é nosso, o que nos resta.
A vida.
Não é pouco!

o amor


"Você sabe que te amam quando sabe que não tem nada para dar ao outro e ficou quase inútil e a outra pessoa fica ali e lhe diz nos olhos: não tens nada para dar, mas não sei viver sem ti"

setembro 17, 2015

Na próxima semana as rotinas começam todas de novo.
Outro trabalho, outro ginásio, outro lugar onde deixar o carro.
As pessoas já não serão as mesmas do passado.
Mas nem eu mais estarei igual.
Tudo mudou, mas há coisas que não mudarei nunca.
A vontade de me continuar a mover.

setembro 14, 2015

E as coisas boas começam todas a acontecer...

7 vidas


Há quem diga que temos ciclos de vida e que morremos e nascemos de novo.
Eu morri já...
E nasci de novo.
Atrás de mim outras coisas virão.
E no tempo certo outras vidas vão aparecer.

setembro 11, 2015

Depois da ferida maior já estar a fechar, vem a cicatrização à volta.
Depois das desilusões, a certeza dos erros que não se repetem.
Depois do cabelo mais escuro, vêm as paredes cheias de tintas claras.
Depois da revolução por dentro, vem a mudança para fora.
Primeiro eu, depois a casa onde quero viver e ser feliz.
Mil ideias, pouco tempo para tanto e projetos recém-nascidos que começam a ganhar forma.
Só agora começou...

agosto 31, 2015

em dia em que faço anos quero relembrar-me da regra básica de viver



"Para ser grande, sê inteiro: nada
        Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
        No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
        Brilha, porque alta vive."

Ricardo Reis \ Fernando Pessoa

agosto 29, 2015

Encontramo-nos ao acaso numa corrida matinal junto ao rio.
O tempo e as mudanças de vida afastam-nos sem darmos conta.
Depois de um abraço longo e suado, seguimos as duas a correr.
É como se tivessemos ganho tudo de novo num só segundo.
Falamos de namorados, empregos e dos amigos que fomos perdendo pelo caminho.
Estamos as duas sozinhas de novo.
Digo-lhe que já nada me dói da mesma forma, é como se as feridas nunca se curassem por completo.
"Quanto mais o tempo passa, mais desilusões acumulo, mas se deixo de sonhar..." - diz-me e eu sorrio com uma expressão de quem não ouve nada de novo.
Continuamos a correr. Sem falar.
Jantamos na semana seguinte.
Abrando o meu ritmo. E ela segue.
No ar ainda a ouço...
"Mas devemos sempre acreditar no amor perfeito, Joana. Eu ainda não desisti".

agosto 22, 2015



Por causa de um grande amor achei que viver era quase não ter ar.
Por causa de um grande amor larguei um emprego.
Por causa de um grande amor fiz tudo para revolucionar a minha vida.
Por causa desse amor perdi tudo.
Sem emprego. Sem amor para ser concretizado, percebi que às vezes o que fica por contar é mais do que aquilo que sabíamos do outro.
Recomeço a vida do ponto menos 5, ainda nem cheguei ao zero.
Espera-me um longo e duro caminho.
Ao lado tenho sempre pessoas que me recordam que viver vale sempre tudo.
Tudo vale a pena.
Para já levo a mala cheia de roupa que espera por dias quentes e festa.
Guardado no peito vai ainda o desgosto de um engano, mas a esperança de quem quer recomeçar a vida.
Vou partir.
Mas volto.

agosto 21, 2015

está nas estrelas




Viajei para o Brasil em busca de paz, como um retiro espiritual que me faltava fazer.
Perdida no meio do oceano e mata atlântica, olhei para o céu à procura de alguém, como se os anjos se deixassem ver.
Uma estrela atravessou o céu e caiu...
Pedi um desejo baixinho.
Ainda não foi ouvido.
Ainda...
Pinto sempre o cabelo de escuro e mudo a cor do blog.
É como começo sempre as minhas mudanças.
Mas elas já começaram antes por dentro.
Escrever foi sempre dos momentos em que me senti mais livre.
Então sou obrigada a fazê-lo agora.
Este foi sempre o meu lugar, meu por direito.
A dada altura parei de escrever por medo das palavras.
Por medo do que liam além das minhas palavras.
Por várias vezes na vida morremos.
Por uma vez só a menos, nascemos sempre de novo.
E assim nasço eu hoje aqui de novo.
Depois de já ter morrido mais uma vez.
Começo de cabelo escuro.
Mas a alma...
Essa, continua branca, como a cor da minha liberdade enquanto mulher.
O meu blog chama-se Joaninha a voar...
Não é em vão.
Nunca foi em vão.

junho 30, 2015

Um lutador combate sempre de pé.
Com os punhos partidos e o coração em ferida.
Mas fica sempre de pé.
Um lutador quebra só quando não tem espectadores.
O prazer de ser lutador é a crença em algo inabalável.
Mesmo que doa.
Mesmo que quase mate.
Um lutador nunca vira as costas a um combate.
Mas prepara-se antes para ele.
Depois fica no ringue até que um dos dois morra.
Eu estou num ringue de joelhos.
Só à espera que me acertem com aquele que acham que será o último golpe.
Nessa altura combato.
E prefiro morrer de pé a deixar de lutar.
Sempre de pé, até que decida quando quero acabar.

junho 14, 2015



Todos nos apaixonamos assim nem que seja uma vez na vida.
É um ciclo que começa e acaba.
Uma valsa suave que nos embala os pensamentos e permite chegar sempre ao lugar mais bonito do que somos.
Emociona-nos quando nos toca a pele e é o seu sopro quente que nos deixará sempre saudade.
É tão inevitável amá-lo como o deixar partir.
Ele voltará sempre, como terá sempre de voltar a partir por mais que se queira prender para sempre.
Tudo o que é bom demais não é para sempre...

maio 29, 2015


Parece que se chamam indigo.
E que vêem mais além como se o sexto sentido lhes construísse o caminho.
Não têm medo mesmo sabendo que a queda faz parte da estrada.
Terão sempre qualquer coisa de crianças porque não colocam a vida toda em perspetiva.
Falam com os olhos que tem o coração como maestro.
E são do mundo porque nunca pertencerão a ninguém.
Não serão nunca a maioria e por isso são raros e especiais.
Andam por ai,  vivem a vida como um ultimato que só pode dar certo porque a única regra que respeitam é a da intuição.



A vida é o curto sopro do que fazemos dela...

maio 03, 2015

"Não é preciso morrer para ver Deus"

Deito-me numa pedra quente enquanto sopra o vento quente de fim de tarde no Alentejo. Não se houve nada, nem gente, nem aves, nem buzinas ao longe como na cidade onde vivo. É como se o tempo tivesse tirado férias e tivesse partido sem aviso de regresso. Fixo o sol sem queimar o olhar e tento pensar nas respostas todas que coloco à vida, sabendo que ela é apenas um caminho de lições, lições algumas que não quero mais aprender. Sinto-me livre porque não tenho pressa de partir ou chegar. O telefone não toca e ninguém se vai lembrar de me procurar. A carrinha fica aberta e toca músicas várias sem ninguém as escolher. Uns filmam, outros passam as mensagens do telemóvel como se relessem a agenda do dia. Eu fecho os olhos e não procuro mais nada porque estou demasiado esgotada. Acho que adormeço. Acho que acordo com a mesma calma. Toca esta música que me embala e alivia o peso que ganharam os meus pensamentos. Hoje não precisei de morrer para ver Deus...