abril 07, 2015


O que fazemos quando percebemos que alguma coisa vai acabar mal?

abril 03, 2015


Sei que me sinto muito sozinha quando volto obstinadamente a fazer desporto para gerir o prazer da dor.

abril 01, 2015

Voltei a fazer desporto.
Como é que é possível eu ter parado?
Seguem-se próximos capítulos. Muito em breve.
À medida que releio e refaço o meu cv penso...
Bolas, eu já fiz isto tudo!

março 16, 2015

A felicidade é um fragmento das ilusões que alimentamos na vida. Não é mais do que um sopro.

novembro 27, 2014


Os grandes amores começam sempre às escondidas.
Porque surgem de repente quando a vida ainda está por resolver.
São aqueles que não planeamos e nos assaltam num primeiro jantar onde achamos que íamos só falar de trabalho.
São quase sempre amores proibidos e impossíveis.
Marcados à pressa contra todos e debaixo do olhar reprovador das aparências morais.
Os grandes amores deixam uma marca igual à de uma cicatriz. que dói nos dias de frio e de mudança,
Chegam e achamos que é para sempre porque nos fazem doer as entranhas e nos tiram o sono e o apetite.
Eu conheci um grande amor a quem dei tudo o que tinha de melhor.
E criei as maiores expetativas porque o meu amor também era maior.
Escolhemos uma casa e fizemos planos para ser uma família.
Mas o meu grande amor não sentia o mesmo por mim e deixou que o capricho de terceiros decidisse o nosso rumo.
Os grandes amores começam às escondidas porque se calhar não deviam acontecer.
Têm o destino traçado para falhar porque não lhes chega a vontade para vencer.
Porque são de uma família só e não deixam mais ninguém tomar esse lugar.
Os grandes amores têm todos passado e filhos e vida.
Eu escolhi sempre mal os meus amores, porque eles nunca me escolheram a mim,
E eu quero chegar em primeiro lugar.
Eu quero ser encontrada sem ser às escondidas como o grande amor de alguém.


novembro 12, 2014


Hoje enviou uma mensagem inesperada.
"Ligue, estou com os avós".
Prometi que então ligava mal pudesse.
Atendeu prontamente e do lado de lá ouvi "é a mãe?".
Respondeu só que era a Joana como se isso servisse para justificar tudo.
Falei com ele e com a avó.
Matei saudades e fiquei mais em paz comigo por saber que sentem a minha falta.
Dizem que os sogros são para sempre.
E os enteados também.
Não casei, mas em tempos tive um enteado Miguel na minha vida que podia ser meu filho.
Não foi,
Mas gosta de mim.
Só porque sim.
E eu sinto a falta que alguém goste de mim assim...

novembro 09, 2014



A minha avó está doente.
Já não sabe bem tudo da vida e vive num mundo que é só dela.
Tem um olhar ausente de quem já não é de cá.
A minha avó ouve quando falamos dela e finge que não sabe que ela é a protagonista.
Às vezes à noite quer vir para minha casa porque diz que a mãe dela está cá comigo.
O avô não a deixa vir porque ele acha que ela está demente.
Eu acho que ela não está demente em tudo.
Diz coisa certas e faz coisas certas.
Vê o que os meus olhos não alcançam.
A minha avó está de partida e eu sinto isso.
Ainda olha para mim com ar de pena porque acha que merecia encontrar um marido como ela tem o dela.
E eu em dias como hoje gostava de lhe pedir desculpa por ter falhado tanto e ter tido tanto azar.
Mas a avó nunca entenderia que os tempos mudaram e hoje trabalhamos tanto quanto os homens e chegamos a casa e ainda temos que ser donas de casa. E que hoje já não aguentamos ser mal amadas, preferimos a solidão.
Às vezes acho que a avó está à espera que eu me apaixone por alguém que também me ame, para ela poder partir.
Mas como é que vou dizer à avó que se calhar ela já não vai assistir a esse momento.
A minha avó está de partida e eu não vou ter tempo de lhe mostrar que não falhei em tudo na vida.

novembro 05, 2014


Não tem mal.
O passado já foi lá atrás.
Já partiu.
Não o viste a ir?
Não tem mal.
Já foi.
Não é mais nosso.
Acabou sem sabermos porquê...
Não tem mal.
A vida é mesmo assim...

Juntamo-nos no fim do trabalho às escondidas num bar perdido no centro da cidade.
Os bancos são corridos e de madeira.
Encostamo-nos umas às outras embrulhamo-nos em mantas polares enquanto o frio se vai entranhando na pele,
A cidade ficou esquecida lá fora.
Pedimos gin tónico como se bebêssemos água e soltamos conversas num desespero de quem não tem tempo e algo fica sempre esquecido ou por dizer.
Umas têm os maridos a dar banho aos filhos enquanto não chegam para jantar e outras não têm ninguém à espera.
Bebemos e rimos e fazemos brindes.
O mundo parou-nos nas mãos.
Sinto-me chegada a um lugar qualquer em paz.
Nada me espera.
Não há ninguém.
Não vai haver tão depressa a não ser que o mundo me surpreenda.
Mas eu estou em paz assim.
Posso ficar ali a noite toda ou sair para me encontrar num jantar a dois. A mil.
Posso tudo nesta fase da vida.
E apesar de não ter nada, pela primeira vez sinto que vivo bem no meu lugar, sozinha no mundo. Mas tão perto de mim.
Estou sozinha porque fiz escolhas e fechei portas e vivo com isso. Mas estou bem como sou.
Rimos e fazemos brindes.
Ensinam-me técnicas para um jantar brilhante no dia em que queira impressionar alguém.
Registo tudo a sorrir, sem a aflição de não ter mais do que aquilo que sou.
Somos várias mulheres.
Temos vidas muito diferentes e complicadas.
Mas hoje sou feliz por ser só eu.
Dona do meu destino e da minha história de vida. Da minha vontade.
Não há nada à minha espera a não ser o silêncio da casa e o que vem de mim.
Um dia talvez passe e voltem a resgatar-me a gargalhada e o sorriso e a alma.
Mas hoje sei que não sou parte de ninguém, ninguém se orgulha de mim ou me exibe como mulher. e eu já não preciso mais disso. Acabou-se o tempo.
Ninguém me recorda à distância ou me ama em silêncio.
Hoje sou apenas eu por mim.
Na minha conta de que me basto.
Porque a vida já me ensinou que não preciso de ninguém para ser feliz.
Para me encontrar com 6 amigas num bar...
E beber gin tónico e brindar à vida.
A minha vida que seguiu só comigo.
Sem poder contar contar com homem algum.
E não é que eu sou feliz assim?
Talvez seja sinal que algo está então prestes a começar entre mim mesma.


outubro 31, 2014


Encontramo-nos todos em casa de uma das amigas para jantar.
Uma delas precisava de colo e esta desesperada.
Abrimos tantas garrafas quanto o número de amigos que temos à mesa.
Fazemos um balanço da vida e percebemos que estamos quase todos sozinhos porque quisemos apostar tudo. E alguns de nós perdemos tudo também.
Passam as horas por nós e falamos dos namorados e do que vivemos.
Falamos das asneiras que fizemos juntos e dos segredos que partilhámos.
Falamos de clínicas para termos filhos de pais desconhecidos e de mais uns amigos estranhos que se juntam ao jantar e por quem talvez nos pudessemos apaixonar se não estivessemos todos magoados.
Ensaiamos passes de boxe e sabemos todos que estamos a passar por processos de dor diferentes.
Rapazes e raparigas. Quase todos em processo de separação.
Uns já estão prontos para seguir em frente. Outros não.
Falam todos ao mesmo tempo e olho para os meus amigos e penso que estamos todos no mesmo barco. Ou a afundar, ou a recomeçar a vida toda.
Temos todos mais de 35 e só uma tem filhos.
Estamos sem nada.
Dispostos a jogar tudo e sofremos porque fazemos todos desporto a mais para deixar de sentir a dor que a alma transporta.
Bebemos porque isso permite-nos ser mais efusivos e depois mais calmos e melancólicos .
Abraço-os a todos e um deles diz-me aquilo que acho da vida, sobre mim, sobre todos;
"Karma is a bitch".
E ele tem razão, o meu tempo de ser amada acabou.


outubro 13, 2014


Uma amiga minha de há anos casou.
Ao chegar a hora do almoço e porque era uma das madrinhas, dei por mim rodeada por gente que nunca tinha visto, numa mesa cheia de casais, quase todos se conheciam.
E eu. Apenas eu.
Ao meu lado sentou-se uma criança e fingi que não a vi.
Quis imenso fugir dali naquele momento, não tinha um par, ninguém ao meu lado, nem com quem falar.
Estava numa festa de homenagem ao amor e o amor tem-me traído quase todos os dias.
Amarga, triste e infantil continuei a fingir que não a via.
Foi-me sorrindo e disse algumas palavras.
Deixou cair o guardanapo e fez-me apanhá-lo.
Agradeceu com um grande sorriso e fez uma pose como se lhe tirasse uma fotografia com o meu olhar.
Forcei a conversa a pensar que não quero que a crianças gostem de mim.
"Quantos anos tens?".
Esticou 4 dedos e olhou para eles como se tudo o que fizesse fosse mágico.
E voltou a sorrir-me.
Não falámos muito mas acabei a dar-lhe o jantar.
E a correr de mão dada com ela quando me disse: "olha, quero ir embora daqui".
A Beatriz conquistou-me, apenas com 4 anos, mesmo depois de eu ter feito tudo para não a ver.
Porque é assim que ando na vida, não vejo ninguém e estou cheia de mágoas.
Nem a Beatriz, nem pessoa nenhuma me pode resgatar se eu não deixar.
E eu até quero ser resgatada, mas está tão difícil de acreditar em alguma coisa...
Mas há qualquer coisa que me enche o peito de ar quando encontro estas pessoas pequeninas na vida e sei que quero tanto ser encontrada...
Por um grande amor.
Por um filho.
Por mim própria...

outubro 05, 2014



Chego a casa e não estás.
A televisão é que me faz companhia enquanto a noite entra por entre as janelas.
Leio as revistas do mundo e não tenho com quem as partilhar, porque não há cá ninguém.
O tempo corre, às vezes depressa demais, outras parado e faz doer tudo.
As estações do ano estão a passar todas por nós e não te vejo.
Deixei de saber de ti e do teu lado angustiado e negro com a vida.
Deixei de ter onde deitar o colo quando o pensamento me assombra.
Já não gosto de chegar a esta casa que sempre foi a minha porque ela relembra-te com um eco de alguém morto mas que fica em alma.
A minha casa já não me abriga. Causa-me medo porque tem sombras do passado.
Não durmo mais de janelas abertas porque ganhei medo da vida. E do escuro.
Não me suporto no meu silêncio lento e arrastado de quem não vê fim à vista, ou terra, ou porto de abrigo.
Há apenas um túnel negro que teima em não me dar a luz da solução final.
Não aparece ninguém.
Não vem ninguém.
Fico só eu. Tão só.
E o medo gela-me...
Ao adormecer ouvia sempre "estou aqui, eu estou aqui" e eu adormecia embalada na segurança de que era verdade.
Na segurança de quem sente que não é abandonada.
Mas um dia acordei, depois de uma imensa dor e vi que estava sozinha.
Que tinha estado sempre assim.
E que não vinha ninguém atrás...
Mais ninguém....
Talvez nunca mais...

setembro 15, 2014


Hoje numa aula de rpm um dos professores perguntou-me se o que me movia era a raiva.
É sim. Respondi-lhe.
Nota-se no teu treino. Disse-me.
Há quem diga que a raiva é sinal que estamos agarrados à vida a tentar lutar, sobreviver.
Que seja assim, porque talvez ainda não esteja tudo perdido.

setembro 13, 2014

How to make a fighter...



A dor?
Disciplina-se.
Treina-se.
E treina-se.

agosto 20, 2014




Há um silêncio que se instala à noite por vezes...
Que me aperta as cordas vocais e contém um choro descompensado que dizem já não ser típico das pessoas adultas como eu sou.
Parece que já sou adulta, a mãe relembrou-me disso numa conversa rápida à tarde numa rua movimentada de Lisboa.
Caiu-me a ficha dos neurónios há uns dias, quando ouvi que acabou o meu tempo de esperar o colo de um pai.
O pai nunca virá. Não conseguiu chegar a tempo. E o nosso tempo já se esgotou.
Já não sou pequenina. Não sou? Mas eu achava que sim...
Chegou a hora de ser eu a cuidadora. De possíveis crianças. Talvez até de crianças que nunca serão as minhas. Chegou a hora de ser a cuidadora dos mais velhinhos que um dia foram os meus cuidadores.
Que palerma que sou. Quase a fazer 35 anos e achava que ia a tempo de encontrar alguém que me protegesse, que não me partilhasse, que não me preterisse a mais amor algum.
Mas é verdade, acabou o meu tempo e não vem mais o príncipe encantado.
Sou a pessoa do segundo plano porque cresci assim. Acabou o tempo de ter tempo de ser o centro do universo para alguém. Acabou um tempo que nunca tive como meu...
Que pena...
Ninguém quer ser cuidador. Não de adultos.
Entendo.
E quem se aproxima não me quer cuidar.


As horas da noite correm lentas e doridas porque há descobertas que já vêm tarde demais na minha consciência.
Talvez esteja a colher as desilusões das coisas que eu própria semeei.
Sou esta pessoa cheia de imperfeições que não sabe escutar a própria consciência à noite.
Sou esta pessoa que não sabe ser feliz com o que oferecem como possível de dar.
Sou esta pessoa que descobriu que se calhar não ama homem algum.
Porque no fim de contas repetem apenas o padrão da ausência e do descuido.
São o espelho do pai que nunca optou por mim.


E agora?
O que faço eu com a noite que me confronta com a verdade e a solidão?





agosto 18, 2014

i'm not giving in.






As minhas melhores aulas de rpm são aquelas que duram mais tempo, as que me espremem até ao tutano.


São as que me movem pela raiva que tenho cá dentro.


São aquelas em que o suor me turva os olhos e a alma cai até aos pedais.


São as que me doem nas pernas e no coração e as que luto até ao fim, enquanto ouço esta música.


As minhas melhores aulas de ginástica são as minhas melhores sessões de terapia em que a única coisa que tem de ficar é a força interior.


As melhores aulas são as da vida, aquelas em que tudo nos foi dado para poder falhar e nós decidimos vencer.


São aquelas em que por mais que se apanhe, o chão não chega para cairmos.


Hoje na minha aula de rpm sofri tanto que acabei num grito de dor.


Ou de libertação.


É que meti na cabeça que quero ser uma vencedora e não vou desistir.


Venham lá tentar convencer-me do contrário!

agosto 11, 2014

adeus.


O último beijo nunca é dado com a consciência que foi o último.
Acontece e só depois sabemos que acabou.
Às vezes passam dias, meses de ilusão e espera.
O beijo final é como uma picada incisiva da serpente, acontece quando não se espera.
O último beijo é quando já não se sente saudades para repetir.
É dado quando a alma já se cansou de dar oportunidades. De esperar.
O último beijo não sente amor.
O beijo do fim é quando já não se anunciou.
O beijo final é o que se imagina, já para não se perder mais tempo a dar.



agosto 10, 2014



Corremos o sul enquanto o sol estava no pico máximo.
Dormíamos nas horas trocadas do dia e fazíamos das noites a nossa confidente.
Adormecemos tantas vezes no sofá, quantas ouvimos a Feist perdida pelas paredes que nunca deixaram de ser brancas.
Os melhores jantares faziam-se sempre a dois. Com os pés descalços e em misturas de vinhos que estavam abertos de jantares passados.
Não devíamos nada a ninguém e por isso o tempo começava e acabava na nossa vontade de fazermos companhia enquanto o verão durasse.
Às vezes vestia as t-shirts largas e calçava uns ténis Gazelle que nunca mais quis pôr.
Nunca me apaixonei apesar das tantas noites e dias em que fizemos companhia.
Mas era bom assim.
Sem compromissos.
Nem afectos.
Apenas o impulso de ser bom não ser de ninguém.
No cansaço dos jantares perdidos, adormeci num sofá gelado de pele e deixava que me ficasse a pentear o cabelo e dizia sempre com tristeza enquanto me olhava:
"Joana, Joana, um dia vais ter de crescer".
Dos tempos em que não amei nada nem ninguém.
Dos tempos em que vivi sem me preocupar com o ontem ou o amanhã.
Desses tempos e de mim...
Em que ninguém me tocava o coração, nem arrepiava a pele.
Tenho agora saudade.


Como é que se explica a um homem que estar sozinha não é sinal de estar disponível?